Dono absoluto da internet, Victor Oliveira é praticamente um case de sucesso de como bons produtores de conteúdo podem não apenas se destacar no meio digital, mas também alcançar um público expressivo e leal. “E vai ter gente falando ainda que eu paguei para aparecer”, diz, às gargalhadas.

Com mais de 300 mil seguidores só no Instagram e um conteúdo despretenciosamente engraçado – e, talvez por isso, tão legal – ele começou nesse meio ainda nos primórdios de Orkut e Twitter, com sacadas divertidas sobre assuntos do momento, o que lhe rendeu muitos posts virais e a chegada dos primeiros fãs. Mas se engana quem pensa que o caminho foi tão simples. Formado em publicidade, Victor conta que demorou para conseguir ver o resultado de seu trabalho render frutos, com marcas sempre apostando nos mesmos influenciadores e campanhas com pouquíssima inovação criativa. Com um mercado tão saturado, ele chegou a pensar em parar.

“Ainda é tudo uma grande novidade para mim, porque eu tive mesmo uma grande reviravolta há uns dois anos, quando comecei a fazer os ‘quadros’, ali veio essa vontade, de fato, de criar conteúdo. Antes disso, eu já tinha cansado de muita coisa na internet, achei que estava tudo mais do mesmo, estava a um passo de deletar minhas redes sociais”, revelou ele, que também trabalha como consultor na área.

Dono dos sucessos “Não está sendo fácil” (NESF), “ViTinder”, “ViJobs”, entre outros, ele emplacou ideias relativamente simples, mas tão bem conduzidas que envolvem os seguidores a ponto deles contarem as histórias mais íntimas, malucas e constrangedora que já viveram, rendendo comentários hilários do influenciador e a participação ativa dos seguidores.

“Eu acho que as pessoas buscam ter isso [uma troca com quem segue] no Instagram. O ‘NESF foi desabrochando, depois os relatos começaram a ganhar forma e, é muito engraçado, porque até a construção do texto agora é parecida. É muito legal. Isso, para mim, é o maior demonstrativo de comunidade”, diz ele, reforçando que não considera o formato inédito, mas reconhece seu mérito em ter dado um toque especial e ao se dedicar diariamente na interação com o público.

Por ironia do destino, foi justamente durante a pandemia que Victor conseguiu não apenas aprimorar o que já vinha produzindo, como ainda trouxe para perto as marcas que sempre teve vontade de trabalhar. O resultado? O engajamento triplicou, novas publicidades surgiram e agora mal consegue dar conta da agenda. “Está muito difícil de lidar e responder todo mundo. Hoje em dia eu tenho muitas funções e aí não tenho, às vezes, como dar atenção a quem me mandou uma mensagem ou respondeu um comentário, mas eu tento ao máximo, vou até ao meu limite. Porque é o que eu sempre falo, a comunicação é uma via dupla, não adianta só alguém ficar falando”, ressalta.

Política, influência e posicionamento

Sem medo de dizer o que pensa, ele ressalta que se posicionar nunca foi uma questão difícil e que não entende quem, ainda nos dias de hoje, resiste em usar sua plataforma de forma consciente.

“Eu vejo muita gente falando ‘ai, mas eu tenho medo de perder contratos’, mas gente, nem tudo é sobre isso. Sabe? Tem gente que tem, sim, noção [do poder de influência] e prefere ficar em cima do muro para não perder seguidores, mas eu nunca vejo isso como perda, mas como uma limpa total, porque assim: até que ponto então eu sirvo para essa pessoa? Ela está indo contra várias questões de existência minha”, pontua.

Prova disso é que, sempre que posta foto ao lado do noivo, o chef Vinicius Fracassio, o influenciador conta que perde centenas de seguidores, mesmo que o casal sempre apareça junto nos stories. “E eu fico assim: o que essas pessoas pensam? O que está acontecendo? Em que momento elas não desconfiaram que eu sou gay? E o que incomoda essa foto?”, questiona.

SE ESTÁ NA INTERNET, É VERDADE

Uma das coisas engraçadas e que quase ninguém consegue explicar é: de onde surgem tantas fics? Mas Victor garante que nem mesmo ele entende como as histórias ganham tanta força, de Mister Brasília a ex-participante do BBB 17. Até quando as pessoas não entendem, elas acabam seduzidas de tal forma, que entram no esquema de pirâmide mais forte que existe: o da curiosidade.

“Elas não estão nem aí, elas levam isso para frente, é assim que surge a ‘fake news’”, se diverte. “Eu não sei, uma menina uma vez falou: ‘cara, é inacreditável, porque você é muito convincente contando’, mas para mim está óbvio que é uma mentira, é claro que é uma mentira. ‘Participei do Big Brother e briguei na primeira semana, mas não tem nada disso no Google?’. Gente, é óbvio que é uma mentira, mas eles acreditam”, conta, se divertindo com os desdobramentos das brincadeiras que faz.

Você sabe que vencEU

Mas o mundinho Victor Oliveira não é para todas. Amigo íntimo de diversos famosos, como Narcisa Tamborindeguy, Bruna Marquezine e até da família de Glória Pires, esse é outro ponto que também intriga e gera muita curiosidade entre os seguidores. Afinal, como surgiram essas amizades? O que rolou? Como foi parar ali?

Brincadeiras à parte, ele garante que algumas são relações familiares antigas, como com a família de Glória Pires e Narcisa Tamborindeguy – de que foi assessor por muito tempo – mas boa parte delas também vieram justamente por causa da sua presença na web.

“Óbvio que eu vivo numa bolha, mas o Rio tem muito isso. ‘Eu conheço fulano’, aí você vai em uma festa e tá lá, aí tem uma pessoa famosa que acaba virando sua amiga. As redes sociais e o Twitter, quando ainda era mato, muita gente retuítava e passava a seguir, a Bruna Marquezine eu conheci assim. Conhece um, conhece outro e pronto, quando você vê está andando com muita gente. Tenho muitos amigos anônimos, mas eles preferem assim, porque é uma exposição que não gostam, como meu noivo e meu irmão. Então acho que respeito muito isso, porque é difícil, não é fácil para algumas pessoas lidarem. Eu mesmo, acho muito louco abrir meus stories e ter 100 mil visualizações, sabe? Cem mil pessoas te vendo, é muito doido. Então eu tenho que ter muita responsabilidade em tudo.”

Conje e o Casamento

Há cinco anos com o ‘Conje’ – meme em referência ao ato falho de Sérgio Moro quando tentava dizer cônjuge, durante sessão na Câmara dos Deputados, em 2019 – ele pediu o chef em casamento recentemente, mas contou que o casal ainda não tem planos o casamento em função das restrições da pandemia e até pelo volume de trabalho que ambos têm tido nos últimos tempos.

“O pedido de casamento foi: vamos casar? Foi isso”, confidenciou, aos risos.

“Já moramos juntos e temos uma vida a dois boa. Ele vai passar um tempo fora, de três a seis meses, tocando um restaurante no interior, em uma fazenda. Então não estamos pensando em nada, porque acho que o mundo atual não nos permite ter planos, conheço muitas pessoas que já adiaram o casamento três, quatro vezes e não quero isso, acho extremamente desgastante e frustrante. Quero esperar o momento de olhar tudo e podermos fazer uma festa para, pelo menos, 200/250 pessoas, com muita segurança e tudo muito tranquilo.”

Apesar de estarem agora morando em São Paulo, a cerimônia, como não podia ser diferente, será na cidade natal do influenciador, em Búzios, no Rio de Janeiro. “Já temos um lugar em mente, que a gente ama e que tem muito a ver”, adiantou.

Sonhos e futuro

Questionado sobre o que ainda falta para conquistar, Victor se diz realizado com o rumo que a carreira tomou e o reconhecimento que vem recebendo tanto das marcas, quanto dos seguidores. Muito pé no chão, ele revela que hoje, seu maior sonho, talvez seja justamente conseguir se fixar em um apartamento confortável com o Conje e seu cachorrinho, o icônico Chico. Nada de bolsas de grife, milhões de seguidores ou fama exponencial.

“Acho que está atrelado à forma em que eu fui educado a minha vida inteira. Eu entendo as pessoas se deslumbrarem porque fulano famoso apareceu na casa dele ou está seguindo, mas nada disso é uma novidade para mim. Vivi várias fases da internet, então já vi de tudo. Já vi gente que não era nada, virar tudo; gente que era tudo, virar nada. Então me perguntam: ‘te tratam melhor quando você vai a um restaurante?’ Não, faço questão de pagar por um serviço, porque eu quero que as pessoas valorizem meu trabalho, então valorizo o delas. Ganha-se muito dinheiro na internet, você pode pagar a sua comida e elogiar o restaurante que você foi de graça”, relembra.

E isso vale inclusive para a sua relação transparente e honesta com quem o segue. “Vejo gente tratando mal seguidores e não tenho paciência, acho isso o fim. É óbvio que todo mundo, às vezes, está em um dia difícil. Mas vejo gente sendo grossa com seguidor o tempo inteiro e isso não entra na minha cabeça. [Porque] Se a gente parar pra analisar e resumir toda a questão da internet é: você não está sozinho.”